domingo, 6 de julho de 2008

A longa noite de Elie Wiesel.


Noite é um livro violento. Um romance que não é romance. Uma narrativa que não tem qualquer imagem bonita. Um enredo sem recompensa ou segredo. Só morte. Só brutalidade. Do princípio ao fim do livro. As cenas mais terríveis são, seguramente, as do crematório, e especialmente as de carrinhas cheias de pequenos cadáveres de crianças atiradas às chamas. Elie Wiesel diz sobre isto o que todos nós diríamos: «Nunca mais esquecerei aquele fumo. Nunca mais esquecerei as pequeninas caras das crianças cujos corpos eu tinha visto transformarem-se em espirais sob um azul mudo. Nunca mais esquecerei estas chamas que consumiram para sempre a minha fé». O mesmo quando é enforcada uma criança no campo, que, pela sua leveza, não morre de imediato e se debate na ponta da corda durante meia hora. Elie e os outros prisioneiros são obrigados a assistir, para desobedecer mais: «Atrás de mim, ouvi o mesmo homem perguntar: - Onde é que Deus está, então? E eu sentia dentro de mim uma voz que lhe respondia: - Onde é que ele está? Ei-lo - está aqui pendurado nesta forca... Naquela noite, a sopa sabia a cadáver...». Afinal, Deus pode morrer. Foi assim que morreu o Deus de Wiesel.

7 comentários:

Anónimo disse...

As narrativas sobre o Holocausto são o gênero literário por excelência do século XX. Surgido a partir do final da Segunda Guerra, esse gênero comporta modalidades de escrita tão díspares quanto a poesia, o romance, a confissão, o teatro e o cinema. Entre os cultores (se é possível dizer isso) desse tipo de narrativa, o romeno naturalizado francês Elie Wiesel ocupa lugar destacado ao lado do italiano Primo Levi. Em A Noite (Ediouro), Wiesel (que já recebeu o Nobel da Paz) retraça sua dolorosa adolescência num campo e procura entender o absurdo impingido pelo regime nazista.

Anónimo disse...

Pois é. Muito confrangedor, de facto. Mas e os Ruandeses? os Biafrenses? os Sudaneses? os índios da América do Norte e os da América do Sul? E tantos outros seres inocentes esmagados como moscas ao longo de toda a história?
Vejam como o poder do dinheiro (judeu) também pode manter viva a memória dos genocídios, mas apenas a que lhes interessa manter viva.
Nota: não sou muçulmano e até simpatizo com Israel. Mas a verdade é esta: É o dinheiro judaico quem manda no mundo.

Anónimo disse...

E quem tem culpa? O ultimo comentário anónimo é quase racista. Parece que por também haver judeus maus que todos são iguais.
O que é que o dinheiro judaico tem a ver com os judeus ou com a maioria dos judeus?

margarida - デイジー disse...

Não há ninguém que comente este blogue de forma assumida? Independentemente de haverem judeus "maus", devo dizer que que também os há cristãos, muçulmanos...portugueses. É importante este post do Gonçalo pelo simples motivo de nos manter presente o que de mais horrivel o ser humano é capaz. Não é isso que aqui importa?

MFP disse...

Se há "infernos" neste sítio em que estamos, o holocausto, foi sem dúvida um deles. Filmes como "A Lista de Shindler" e "O Pianista" para só citar dois dos mais conhecidos, transmitem-nos uma visão bem real do que aconteceu. Mesmo assim, acho que jamais, teremos a verdadeira noção do que aconteceu e do que todas aquelas pessoas sentiram e sofreram. Sabemos que foi real e que não poderá repetir-se. Apesar disso as atrocidades continuam por esse mundo fora e hoje mesmo, Mário Soares, comparou Guantanamo ao que os Nazis fizeram na II Guerra Mundial. Serão necessárias muitas mais vozes, para transformar a hipocrisia da política, numa mais valia para o ser humano. Por mim acho que isso nunca acontecerá!!

Anónimo disse...

Qual Mario Soares?
O amigo do Chavez?
Aquele da Venezuela que sustentava as FARC e que andava armado em Madre Teresa?
O que mantem a colónia portuguesa na Venezuela em constante sobressalto?
O Mário Soares devia ter juízo e saber procurar o prazo de validade num rotulo: no seu!

informadordeopiniao disse...

Agora, é importante chamar a atenção que Elie Wiesel permanece como um crente em Deus de convicções religiosas profundas; algumas vezes, fica parecendo que as pessoas realmente não o leram e apresentam-no como alguém que perdeu a fé se tornou ateu, o que é mentira.

Ele diz: "Mas, não posso divorciar-me Dele. Ainda tenho a fé, uma fé ferida para sempre. Porque não aceito resposta a Auschwitz."
(...)"Meu mestre, Saul Liebermann, perguntou-me um dia qual seria o personagem mais trágico da Bíblia. Nem Moisés, nem Abraão. Mas Deus, que olha para baixo e diz consigo: 'Criei um mundo para o homem e eis o que ele me fez!'.